
Hoje todos os aparelhos regulados são fabricados com a função de controle de temperatura, que pode muitas vezes causar confusão e em alguns casos até oferecer certo risco pois alguns tipos de fios metálicos devem ser usados apenas neste modo, então vamos organizar as ideias e deixar tudo claro de uma vez por todas.
Andaram mentindo para você!
Primeiro saiba que mentiram para você esse tempo todo, não existe controle de temperatura. Exatamente meu amigo, não existe.
Ok, existe, mas não é bem assim. A indústria criou um sistema e o nomeou de forma equivocada e a coisa pegou, o que não posso criticar porque é comercialmente mais atrativo, mas a verdade é que temos um limitador de temperatura definido pela resistência da coil ou seja, temos um controle da resistência. Vamos por partes.
Uma das características de todo metal é sua resistência elétrica. Alguns são muito resistivos, outros menos, outros praticamente não são resistivos. Isso significa a facilidade (ou dificuldade) de se passar uma corrente elétrica neste material. Isso serve para titânio, níquel, aço ou kanthal, todos os metais mais comumente usados em nossas coils.
Além da capacidade de resistência elétrica, os materiais também possuem outra característica que é a mudança desta resistência de acordo com sua temperatura, o chamado TCR que significa Temperature Coefficient of Resistance ou Coeficiente de Temperatura da Resistência que nada mais é do que a propriedade de aumentar sua resistência elétrica à medida que sua temperatura aumenta, sendo o TCR um fator que define a relação entre essas duas coisas.
O mod não sabe a temperatura da coil, pois não há nenhum sensor dentro do atomizador. O que ele lê é a resistência do fio e de acordo com esses cálculos ele faz uma estimativa da temperatura.
Usemos um exemplo. Digamos que um fio X tenha 0.10 ohms em temperatura ambiente. Quanto ele chega a 100º ele passa a ter 0.15 ohms, quando chega a 200º vai para 0.20 ohms e assim por diante. É isso que o controle de temperatura faz, ele verifica o tempo inteiro qual é a resistência do fio e indica a você qual é a temperatura que ele acha que o fio está, de acordo com o TCR do fio que você definiu.

Nesta tabela é possível verificar a diferença entre os materiais. Enquanto no Kanthal A1 a resistência sofre uma alteração de apenas 0.04% quando passa de 20º C (temperatura ambiente) para 200º C (quando o mod é acionado) contra mais de 100% de mudança no caso do níquel mais do que dobrando sua resistência quando passa pelo mesmo processo. É por isso que não conseguimos usar Kanthal no modo controle de temperatura, o mod simplesmente não consegue identificar mudanças tão mínimas na resistência a ponto de estimar a temperatura do fio, portanto é preciso usar no mínimo aço inox que possui uma variação muito maior.
Por este motivo é tão importante seguir dois passos fundamentais quando vamos usar o controle de temperatura:
Informar corretamente o tipo de coil que vai usar pois o mod precisa saber qual é o tipo de material para que assim ele possa fazer os cálculos corretos de relação entre resistência e temperatura.
“Travar” a coil fria ou mais precisamente na temperatura ambiente, pois o mod precisa de um ponto de partida para saber que aquela resistência é o valor da coil em “repouso” e assim que houver mudança, é porque a temperatura aumentou.
Tipos de fio para controle de temperatura

Temos 3 tipos de fio usados no controle de temperatura: Titânio, níquel e aço inox.
Titânio e níquel caíram em desuso e estão gradativamente saindo do mercado, isso porque possuem certas preocupações com segurança, ambos não podem ser aquecidos até ficarem incandescentes (portanto muito cuidado ao fazer as coils) pois produzem compostos tóxicos.
Já que o aço inox pode ser usado tanto no modo controle de temperatura como no modo power, sendo inclusive mais seguro e mais barato, não há o porquê utilizar outro tipo de fio.
Por que usar o controle de temperatura?
Como muitas coisas no vapor, considero principalmente uma questão de gosto. A experiência muda, o tipo de vapor, o volume, a percepção do sabor, tudo fica diferente, portanto sugiro que você experimente para saber se vai gostar ou não.
Do ponto de vista prático, o controle de temperatura apresenta duas consequências positivas, a primeira é que a coil não passará de uma determinada temperatura máxima, atualmente definida em torno de 300º C na maioria dos aparelhos. A temperatura excessiva é alvo de preocupação em alguns estudos científicos que alertam sobre a possibilidade de produção de compostos nocivos nestas condições.
A segunda, do ponto de vista da comodidade, como o sistema pode detectar aumentos muito rápidos na temperatura, sinal de que a coil não está suficientemente encharcada de juice, isso impede a ocorrência de dry-hits (quando o algodão queima e você sente aquele gosto delicioso de travesseiro tostado). Teoricamente (isso depende também da qualidade do aparelho) você pode acionar a o dispositivo com o algodão seco que a coil não deve ficar incandescente nem queimar o algodão.